Na vila de Alcoutim, junto ao rio Guadiana, existem três estátuas que evocam para a memória coletiva de três figuras presentes na história desta terra e cujas atividades se relacionavam estritamente com este rio: o pescador, o guarda fiscal e o contrabandista.
Estas estátuas são assim, uma homenagem a estas três atividades que ao longo do tempo foram importantes para a economia local e devem ser recordadas e interpretadas como elementos do património desta vila do Nordeste Algarvio.
Estátua Guarda-fiscal
A Guarda Fiscal foi criada em 1885 e, a partir dai, os jovens locais viam nela uma atividade que podiam desempenhar, fugindo ao trabalho árduo e pouco rentável da vida do campo, obtendo mais tarde a almejada reforma, então regalia de poucos.
Alcoutim era sede de secção e onde estava o Posto Central. Ao longo do rio havia outros postos, que se viam entre si, para se poderem comunicar por luzes, disparos e outras técnicas utilizadas. O controle do rio estava assegurado por estes postos construídos pelo Ministério da Fazenda. Os contrabandistas eram, junto com os refugiados da guerra civil espanhola, os principais alvos a caçar.
Estátua Contrabandista
Naturalmente que Alcoutim, como vila raiana, teve propensão para a atividade do contrabando, existindo ainda o fator económico resultante da pobreza da região.
O contrabando fazia-se por toda a margem do rio, onde terminavam os caminhos dos almocreves serranos espalhados por várias aldeias e montes, como Giões, Cachopo, Martinlongo e Santana da Serra.Trigo e outros cereais, figos, café, ovos e gado, entre outros passavam perto da vila, nas épocas em que afluiam os compradores a Sanlucar. Oriundo da Andaluzia, era importante o contrabando de tecidos e de miolo de amêndoa.
Estátua Pescador
A pesca no Guadiana foi, desde sempre, uma atividade exclusivamente artesanal, destinada à subsistência das populações ribeirinhas. As artes da pesca utilizadas no Guadiana não variaram muito ao longo dos anos. A Colher ( já desaparecida), o conto, o letrache, as redes de tresmalho e a tarrafa eram as principais artes usadas no rio.
Algumas destas artes foram utilizadas até aos principios da década de 90, momento em que os últimos pescadores da vila cessaram a atividade, devido sobretudo à sua reduzida rentabilidade e à introdução de legislação que proíbe e restringe a utilização de determinadas artes e métodos de pesca.